Nas organizações em geral há um foco excessivo na resolução de problemas: a maioria dos projetos visa corrigir falhas, defasagens de desempenho ou melhorias da qualidade. Por que “excessivo”? Porque gerar ideias de projetos visando resolver problemas requer capacidade analítica, de diagnóstico e visão sistêmica. Explorar oportunidades, por outro lado, requer competências diversas: criatividade, inovação, visão sistêmica e estratégica.
Essas competências raramente são consolidadas nas organizações brasileiras. Creio ser fruto do próprio processo de industrialização ocorrido tardiamente no Brasil, e quase sempre pela via da instalação de filiais de empresas estrangeiras.
A criatividade do brasileiro, que se manifesta de forma tão encantadora na música, dança, na linguagem e na arquitetura, geralmente faz falta ou não é considerada nas organizações.
Problemas não se contrapõem a oportunidades quando se trata de escolhas estratégicas. Quem só resolve problemas e abre mão de oportunidades, no máximo será um bom seguidor, jamais será um líder em seu segmento/ramo de atividade. Por outro lado, quem só explora oportunidades e descuida da solução de seus problemas tem a sustentabilidade da organização ameaçada, porque oportunidades demoram a prosperar.
Assim, o ideal seria que cada organização some projetos visando corrigir problemas e explorar oportunidades, por exemplo na proporção 70%–30%, respectivamente.
Podemos enfrentar problemas com muita criatividade e inovação, contudo é preciso desenvolver uma mentalidade adequada.
Em contrapartida, ao explorar oportunidades somos estimulados a fazer uso de inovação: é frágil copiar o que outras organizações fazem ao explorar uma janela de oportunidade.
Fonte: Sabbag, Paulo Yazigi (2019-05-21T22:58:59). Inovação, Estratégia, Empreendedorismo e Crise . Alta Books. Edição do Kindle.